Os exemplos são muitos! Medalhista de bronze do campeonato mundial de judô de Cuba que voltou ao esporte após se mudar para a América. Filho de um pioneiro no novo esporte olímpico de breaking que veio para os EUA depois de uma árdua jornada pelo deserto. Jogadores de basquete e atletas de atletismo que vieram para os EUA para esportes universitários e profissionais que decidiram representar seu novo país internacionalmente.

Estatísticas mostram que quase 4% dos atletas da equipe olímpica dos EUA nasceram no exterior, enquanto mais de 7% são filhos de imigrantes ou imigrantes de segunda geração. Alguns atletas vieram para os EUA especificamente para praticar esportes e depois se tornaram cidadãos.

Esse é um caminho comum no atletismo. Leonard Korir, por exemplo, é um dos muitos corredores de longa distância da África que vieram para os EUA para a faculdade e acabaram representando seu novo país. No caso de Korir, seu serviço nacional não se limita ao atletismo. Ele também se alistou ao exército americano.

Mas mesmo no basquete, esporte há muito dominado por atletas dos EUA, imigrantes podem aparecer no elenco. Joel Embiid nasceu e cresceu em Camarões antes de vir para os EUA como um estudante do ensino médio para seguir uma carreira no basquete.

Outros atletas estrangeiros se juntaram à equipe dos EUA por uma infinidade de razões, desde oportunidades atléticas até fugas angustiantes de situações perigosas em seus países de origem, conforme histórias reais abaixo:

Abdihamid Nur (atletismo): o corredor de longa distância nasceu na Somália, mas sua família não ficou lá por muito mais tempo depois de seu nascimento. Eles escaparam para o Quênia, depois viveram alguns anos no Egito antes de vir para os EUA.

Maria Laborde (judô): muitos esportes dos EUA têm atletas que deixaram Cuba buscando maiores oportunidades na vida e nos esportes, e o judô não é exceção. Laborde ganhou uma medalha de bronze no Campeonato Mundial de 2014 enquanto competia por Cuba. Mas em outra competição mais tarde naquele ano no México, Laborde deixou a delegação cubana e buscou asilo, desistindo de uma provável vaga nas Olimpíadas de 2016 junto com tudo o que ela deixou para trás em sua casa.

Weini Kelati (atletismo): o Hayward Field do Oregon é um local lendário no atletismo e que sempre terá um significado especial para Kelati. Depois de representar a Eritreia no Campeonato Mundial Júnior de 2014 em Hayward, Kelati buscou asilo. Ela se mudou para a Virgínia, ganhou uma bolsa de estudos na Universidade do Novo México e ganhou sua cidadania pouco antes das eliminatórias olímpicas em 2021, também realizadas no Hayward Field. Ela não entrou para o time naquele ano, mas voltou a Hayward para as eliminatórias de 2024 e venceu uma emocionante corrida de 10.000 metros, na qual a liderança mudou de mãos várias vezes na volta final.

Steffen Peters (equestre): quando o especialista em adestramento não conseguiu obter sua cidadania a tempo de competir pelos EUA nas Olimpíadas de 1992, a oficial da equipe dos EUA, Fiona Baan, disse o que, em retrospecto, é um dos eufemismos do século XX, ao dizer ao jornal Los Angeles Times: “Ele é um sujeito jovem e tenho certeza de que o veremos no futuro”. Neste verão, Peters competiu em sua sexta Olimpíada aos 59 anos. Sexta!

Beiwen Zhang (badminton): nasceu na China e também representou Cingapura internacionalmente, antes de se mudar para os EUA e continuar uma carreira na qual foi classificada entre as 10 melhores do mundo diversas vezes nos últimos anos.

Mas existem também os exemplos dos pais de atletas que vieram para os EUA como refugiados. Seus filhos são hoje um grande orgulho americano no esporte.

Naomi Girma (futebol), Etiópia: em 1977, um regime repressivo assumiu o controle da Etiópia, gerando uma guerra civil e uma fome. Girma Aweke, um adolescente na época, juntou-se a um movimento clandestino de oposição. Foi perseguido e fugiu do país com uma família de estranhos que cuidaram dele enquanto sofria de malária. Conseguiu chegar ao Sudão e foi selecionado para um programa de reassentamento que o levou para São Francisco. Trabalhou em restaurantes, se formou na faculdade e se casou com uma colega etíope. Sua filha, Naomi Girma, herdou o amor do pai pelo futebol e se tornou uma das zagueiras mais admiridas na atualidade, porque realmente bate um bolão. No último domingo, ganhou medalha de ouro em Paris!

Yared Nuguse (atletismo), Etiópia: além Nuguse foi professor na Etiópia no início dos anos 80 até ser preso. Após sua libertação, ele seguiu um caminho semelhante ao de Girma Aweke, indo para o Sudão e depois para os Estados Unidos, onde se casou com uma pessoa da região da Etiópia. O filho deles, Yared, foi para Tóquio em 2021, mas sofreu um contusão no quadríceps. Em Paris, foi medalha de bronze nos 1.500 metros.

Victor Montalvo (breaking), México: Victor e Hector Bermudez eram dançarinos de break proeminentes no México que escaparam da pobreza e da violência de gangues, caminhando pelo deserto. Alguns anos depois, após se estabelecerem nos Estados Unidos, eles mostraram alguns movimentos aos filhos. O filho de Victor, Victor Montalvo, ficou tão inspirado que se tornou um dos melhores do mundo, vencendo esta competição dos Jogos Mundiais de 2022 e do campeonato mundial de 2023. Em Paris, foi medalha de bronze!

Estas histórias são emocionantes. Um país que se abre em acolher pessoas passando necessidades, não está somente amenizando a pobreza, violência e a perseguição intelectual. Está criando oportunidades para profissionais, trabalhadores, artistas e esportistas despontarem como jamais poderiam caso tivessem ficado em seus países de origem.

Que continue assim!

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