Desde que somos pequenos sempre ouvimos afirmações do tipo: você tem que ser feliz! O que importa realmente é a felicidade! E a lista de frases feitas e fórmulas perfeitas segue extensamente. Dessa mesma forma, ouvimos das pessoas quando perdemos um ente querido: foi a vontade de Deus! Não, não foi! Nós morremos porque é o ciclo da vida, porque somos frágeis, e com a felicidade não é diferente, não seremos felizes o tempo todo, viveremos momentos felizes ao longo da vida, situações que nos farão estar bem consigo mesmo e com o “mundo”, e situações adversas, as quais parecem ser a maioria do tempo.
Digo a maioria do tempo porque estamos sempre evoluindo, seja na vida sentimental ou material. Estamos em busca de algo melhor e isso traz a “luta” diária em busca de novos objetivos. Isso realmente nos cansa muito, estar todo o tempo dando o melhor para ser e estar melhor a cada dia. O estilo de vida que nos apresentaram nos últimos tempos nos fez acreditar que o consumo traz a felicidade, nos fez acreditar que tendo isso ou aquilo seremos mais felizes e o efeito disso foi exatamente o contrário.
Na época dos nossos avós, sinônimo de felicidade era ter um bom casamento, no sentido de honestidade, pessoas trabalhadoras e bons pais. A felicidade parecia estar nas pequenas coisas e nas mais simples possíveis, poder acampar ou fazer um piquenique, trabalhar e morar bem sem ter o aperto do aluguel cada fim de mês, ter na mesa sempre uma boa comida e poder dar aos filhos uma boa educação. Esses eram os pilares de uma família feliz, coisas básicas, porém fundamentais para o sucesso de cada família.
Pois bem, o mundo evoluiu e mudou muito! Isso foi muito sentido a partir do surgimento da internet, e mais ainda com o surgimento das tão queridas por todos: as redes sociais. Acredito que é do ser humano o interesse pelo que acontece na vida alheia, uma característica que rotula o ser humano por definição e isso se potencializou com a facilidade das redes sociais. Existe uma necessidade incontrolável de publicar tudo, até mesmo o desnecessário. Como uma necessidade de afirmação e aprovação dos demais, despimos nossas vidas em redes e dependendo do conteúdo recebemos comentários que por ironia, nos deixam tristes e consequentemente infelizes momentaneamente.
Ser dependente de vários likes e de bons comentários nos tornaram reféns de pessoas que muitas vezes nem sequer conhecemos, abrimos as portas para estranhos decida nosso estado de ânimo naquele dia. Queremos viver a vida de pessoas que também não conhecemos sua intimidade. “Contam os tragos que eu tomo, mas não contam os tombos que eu levo.” Somos incapazes de entender que todos publicam somente momentos felizes, um atrás do outro, temos a ilusão de que a vida daquela pessoa é perfeita. SÓ QUE NÃO!!
As redes sociais, o acesso fácil à informação, a tecnologia de maneira geral, se não for utilizada de maneira inteligente pode acabar com nossas vidas, assim como vem acabando com o amor-próprio, com a sinceridade, com o bom julgamento. Atrás de uma tela nos transformamos em juízes parciais e impiedosos. Acreditamos que as opiniões indiscriminadas podem trazer algumas mudanças positivas, mas muitas vezes isso não acontece. Inflamamos mentes mal lapidadas, mentes inocentes que pensam que tudo se resolve com um clique. Vamos olhar mais para dentro, vamos olhar mais nos olhos do outro, temos que abaixar um pouco mais a velocidade da vida e trazê-la para o agora, para a sinceridade e honestidade do ser humano. Podemos ser felizes? Mas é claro que sim! Não o tempo todo, não como em um feed de notícias, não como no histories de alguém, mas como sempre foi, de momentos em momentos, com aqueles amigos de verdade sabe, de carne e osso. Aquele amigo ou parente que nós sentamos para uma boa conversa, tomando um café ou um bom trago, como sempre foi, com contato, com afago e com abraços.
Nenhuma tecnologia vai poder nos proporcionar isso, nunca, jamais, e em tempo algum, nenhuma máquina vai poder te olhar nos olhos, te dar um abraço e te confortar como um bom e velho amigo.